Não gosto de me sentir só... gosto de ficar só. Não gosto de me calar... gosto do silêncio. Difícil é encontrar nessa correria da vida moderna um tantinho de tempo para nada ouvir... apenas pensar... uma conversa solitária cá entre mim e eu mesma.
Há um ano atrás eu tive uma fratura de stress no fêmur, o que me afastou de uma atividade que me dava um imenso prazer: correr. Depois um tempo parada e indesejáveis quilinhos a mais eu decidi que precisava buscar outra alternativa para melhorar a minha saúde e auto-estima. Fui nadar.
Qual não foi minha surpresa quando, entre uma braçada e outra, além de recuperar o prazer de um esporte que eu tanto pratiquei na infância, encontrei na natação meu momento de silêncio e solidão. E adorei.
É como um retorno ao ventre, um silêncio extremamente confortável e aconchegante, que me chama desesperadamente para meus pensamentos, para a reflexão... e a cabeça roda... fora de controle!
Paradoxo ou não, esses momentos de solidão extrema são justamente quando me sinto mais amparada, pois é a hora do encontro...ou reencontro.
Os pensamentos vão e vêm de forma tão rápida quanto aleatória..... lembranças, sonhos, decepções, dúvidas, indecisões, tudo assim,,,, junto e misturado, uma bagunça geral.... daquele tipo que só a gente mesmo consegue se encontrar.
A sensação de que nada há do lado de fora me dá prazer... pois naqueles momentos os problemas são só meus, as dúvidas me pertencem e as idéias e conclusões são como a chuva de verão... a gente sabe que uma hora vem, só não sabe exatamente quando e quanto tempo vai durar.
Como é bom ter esse tempinho de vácuo e silêncio, como a solidão pode ser recompensadora e criativa.... principalmente aquela com hora marcada para terminar.
Dizem que não há felicidade que não se acaba nem dor que sempre dure... a efemeridade da vida chega a ser um conforto, um estímulo para o amanhã, um basta à monotonia e ao comodismo.... um convite à reflexão.
Nado... logo penso. Penso... logo existo.